sexta-feira, outubro 26, 2012

As Trevas da Paixão - Sebastião #2

Umas valentes horas depois…

                Suados e ainda unidos, eu e o meu homem de pele achocolatada disfrutávamos dos últimos gemidos prazerosos que inundavam as paredes do meu quarto. Sebastião estava hospedado no hotel onde trabalho, logo era muito mau tom verem a chefe da recepção a dar check in com um hóspede que ainda por cima trabalhava parcialmente com ela.
                - És maravilhosa! – disse-me Sebastião, enquanto saia de dentro de mim, e me beijava demoradamente os lábios. – E eu que me recusei algumas vezes a trabalhar nesta zona alentejana….
                Por pouco a minha pele dos lábios não rasgaram, tamanho era o meu sorriso deliciado. Bolas! O homem para além de lindo e corpo perfeito, sabia bem como nos deixar a babar pelos elogios. E não tinha sido preciso tirar a roupa para ele me agraciar. Desde o primeiro minuto que nos conhecemos que Sebastião era assim, um eterno romântico. Um verdadeiro cavalheiro!
                - Sabes, acho que dizes isso a todas! – atirei eu, enquanto rebolava para o outro lado da cama.
                Sebastião ergueu-se sobre um braço e fitou-me seriamente. Por momentos foi como se o tivesse visto realmente ofendido com o meu comentário. Seria possível? Quer dizer, o amor existe. A paixão também… Mas… Bolas, teria eu encontrado um homem digno da letra H em maiúsculas do pé para a mão, num proeminente ataque de riso?
                - Porque é tão difícil para ti, acreditares que nós os dois…
                A sorrir, interrompi-lhe o sorriso com um demorado beijo nos lábios em jeito de desculpa e para me redimir de o ter magoado com a minha falta de jeito para acreditar naquilo que acontece muito rápido e é demasiado óbvio e bom para ser verdade, arrastei-o atrás de mim para a casa de banho, onde voltamos a fazer amor ao som da água do chuveiro.
                Sebastião amou-me entre o sabão do gel de banho e a água corredia que jorrava por cima das nossas cabeças.
Senti-me completa. Realizada. Feliz. Domada. Saciada… e muitos outros adjectivos que de momento não me lembro mas que garanto tê-los sentido a todos. Sebastião fazia magia em mim. E depois daquela hora passada dentro da cabine de duche, comecei a acreditar seriamente que Sebastião era o meu destino. O homem era bonito. Deliciosamente atraente. Inteligente. Com uma carreira em ascensão. E estava apaixonado por mim.
Que mais poderia eu desejar?
 
Uma das melhores coisas que podemos ter quando trabalhamos por turnos, é desfrutar de uma bela tarde soalheira, quando todos os outros estão enfiados nos seus trabalhos, a esfolarem-se para cumprirem metas e atingir objectivos.
Tinha um livro pousado na mesa da pastelaria, ao lado da chávena de café vazia e, tomem nota, esticava os músculos dos braços – não era espreguiçar, porque isso é falta de educação - acima da cabeça, de maneira a alonga-los um pouco, quando reparei que um desconhecido avançava na minha direcção.
                E perguntão vocês, qual é o espanto? O espanto é que para além de ser a única pessoa sentada na esplanada, o desconhecido trazia um enorme… Não, enorme não chega para descrever, talvez gigante se adeqúe melhor, ramo de rosas vermelhas na mão e quando estava a uns meros passos de distância de mim, perguntou confiante:
                - Senhorita Eloísa?
                Bem, quando referi que estava a alongar os músculos dos braços, penso que me esqueci de referir, que simultaneamente estiquei as pernas para facilitar a tarefa! Pois, imaginem agora eu sentada, naqueles prantos e o homem a falar para mim, com aquele lindo jardim preso numa mão.
                Saltei da cadeira e ainda um pouco constrangida pela situação, coloquei uma madeixa de cabelo atrás da orelha e abanei a cabeça.
                - S-sim… sou eu.
O rapaz aproximou-se, depositou-me o gigante apanhado de rosas de veludo vermelho no colo e disse simplesmente que eram para mim. E enquanto eu me via naquele estado idiota de felicidade juvenil, o rapaz fora-se embora.
                Não fosse Diana ter chegado segundos depois, penso que teria ficar um bom par de horas no meio da esplanada, de pé, a olhar para o gigante ramo de rosas vermelhas.
                - Aiiiii queeee giroooo – gritou Diana, enquanto me arrancava o ramo dos braços e o inspeccionava com o seu olho clinico – Tãooooooo lindas! Tãoooo romântico, amiga!
                Revirei os olhos enquanto me sentava. Só Diana para fazer um alarido daqueles. Pronto, está bem, eu não fiz alarido porque ainda não estava em mim. Experimentem serem surpreendidas por um jardim ambulante de rosas de veludo importadas sabe-se lá de que canto do mundo e tentem expressar-vos decente e coerentemente.
                - Fogo amiga! Isto sim, é paixão! – Diana cruzou a perna num movimento sexy, trincando o lábio inferior como só ela sabia. Como diabo fazia ela aquilo? A nossa sorte era a esplanada estar azia, caso contrário teríamos um monte de homens a fazer flirt com ela, ou namoradas e esposas a espumarem-se de raiva e ciúme. – Ontem foram bombons… Na semana passada um relógio… Amanhã será o quê? Anel de noivado!
                - Claro que não! – disse eu, enquanto mexia a mão, tentando não lhe dar crédito.
                - Claro que não! – Diana imitou a minha voz, torcendo o nariz – Ficaste cega por acaso? Bombons, flores, prendas e o melhor de tudo! – disse ela, dando enfâse – Sexo todas as noites, com preliminares e surpresas picantes. Achas o quê? Que anda a treinar para quando for a sério?
                Não! – disse eu arrependida por lhe acabar sempre por contar demasiados pormenores. – Mas é cedo e não vou sequer pensar nessas coisas. Conhecemo-nos nem há três meses…
                - E depois? – perguntou Diana incrédula, como se eu estivesse a dizer a maior das barbaridades. – Minha filha, se o sexo é bom, e eu sei que é porque tu além de mo teres dito, nota-se nessa cara fofa. Se o homem te enche de presentes como se fosses uma princesa, por que raio te interessas tanto com as datas?! São só dias… horas… minutos…
                - Bem, isto dito pela mulher que passa a vida a trocar de namorado, passa a ter outro significado. – disse eu com falsa aceitação.
                - Eloísa! Nunca pensei ouvir isso de ti! – Diana levou as costas da mão à testa, num ar tão dramático que me pergunto porque ele não seguiu teatro em vez de maquilhagem a cadáveres? Juro, quase, notem aqui o especial significado da palavra quase, que podia acreditar no sentimento de ofensa dela. – Mas sabes? Tens razão. – Diana abriu-se num dos seus perfeitos sorrisos -  Mas isso só acontece porque ainda não encontrei a minha alma gémea. Ao contrário de uma determinada pessoa que tem tudo para ser feliz e passa o tempo todo a entupir a cabeça com «Ses» e «Mas»!
                Teria Diana razão? Bem, as histórias de amor com finais felizes para todo o sempre existiam porque certamente alguém devia ter passado realmente por uma situação assim. Logo, porque não podia eu estar a viver o mesmo tipo de conto de fadas?
Já andávamos há seis meses e tenho de admitir uma coisa. Nunca fui tão feliz, bem tratada e amada em toda a minha existência que já contava com um quarto de século e uns meses. Tinha a minha profissional a correr sobre rodas. A nível económico também não me podia queixar, uma vez que desde que Sebastião começara a trabalhar para o Hotel, os investidores decidiram aumentar os funcionários. Mas era a nível pessoal que eu sentira a derradeira mudança!
Sebastião mudara-se para a minha casa. Não fazia sentido, continuar a viver no hotel, quando passava quase todas as noites na minha cama. E o melhor de tudo? Dávamo-nos super bem.
Diana riu-se quando lhe contei, Sebastião não pingava a tampa da sanita e nunca se esquecia de dar a descarga. Não deixava a pasta dos destes aberta, e nunca mexia nas minhas coisas!
                Oh sim… estava numa lua-de-mel antecipada. E por mais que chama-se louca a Diana sempre que recebia uma SMS dela a perguntar pela data do casamento, desconfiava que estaria para breve.
                E porque digo isto, perguntam vocês? Porque ontem, depois do meu turno ter terminado e visto estar uma agradável noite, ele convidou-me para passear pelas ruas, onde as lojas de roupa, calçado e ourivesarias se estendiam de um e outro lado das ruas.
Á medida que íamos avançando, ora de mãos dadas ou abraçados, Sebastião dava-me mais dicas sobre a festa que andava a organizar no hotel.
                - Então não vão usar o staff do hotel? – perguntei de testa franzida.
                - Sim, querida. Entende, isto é um evento internacional. A empresa não se pode dar ao luxo de haver lacunas ou falhas. – disse ele enquanto me beijava a testa – Está em risco muita coisa. Não só a minha carreira, como a tua, como o bom nome do hotel.
                - Sim, mas dispensar todo o pessoal? Quer dizer, trabalhamos lá porque somos competentes.
                Sebastião parou no meio da rua. A luz do luar incidia-lhe no rosto, descendo-lhe pelo pescoço, fazendo brilhar aquela pele de chocolate. Segurou-me no rosto com as mãos e depois de me ter deixado sem ar, beijando-me como só ele sabia, abraçou-me, acariciando-me as costas, enquanto me dizia.
                - Eu tentei, juro-te pelo nosso amor, que tentei fazer com que pelo menos a tua equipa ficasse. Mas os nossos superiores foram intransigentes. Mostraram-se irrefutáveis nas suas posições. Fazer pressão podia fazer com que recuassem e optassem pro outra cadeia de hotéis.
Realmente… ele tinha razão. Era preferível um anoite de folga forçada a ir todo o staff para o desemprego, e como as coisas andavam em Portugal, era melhor não arriscar.
                - Mas tu vais estar a trabalhar! – disse eu num tom muito choroso.
                - Isso mesmo, a trabalhar! – Sebastião sorriu-me – Achas que não preferia estar entre as tuas pernas?
                - Sim… mas…
                - Vou estar a trabalhar para o nosso futuro, amor! – disse ele enquanto me puxava para junto de uma vitrine onde dezenas de anéis brilharam, sobre os escaparates iluminados da ourivesaria mais cara da cidade de Évora. – Gostas de algum?
                Fiquei perplexa a olhar para ele. Senti os meus olhos inundarem-se de água. Era muita emoção e em vez de lhe dizer alguma coisa de jeito, limitei-me a abraçá-lo e a dizer-lhe ao ouvido o quanto o amava.

2 comentários:

  1. Mais um capítulo delicioso!!! :)) Mas têm de o rever pq tem algumas palavras que estão incompletas :))) (espero que n fiquem chateadas por estar a dizer isso..

    Beijinhos e continuem com o excelente trabalho!!

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    1. Olá Vera,

      ficamos contentes que tenhas gostado. Sim iremos rever os mesmos. e nao, não ficamos chateadas :)

      obrigada

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